terça-feira, julho 25, 2006

ioiuouio


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quinta-feira, março 30, 2006

sábado, março 05, 2005

Sideways (2004) Avaliação global: 8/10


Sinopse:

Dois grandes amigos partem numa viagem de uma semana com o intuito de festejarem uma despedida de solteiro prolongada pela Califórnia rural, terra de vinhos e gastronomia.
Nos dias complexos que passam na estrada provam vinhos e provam vidas, descobrem-se em aventuras pueris com verdades ocultas e definem-se do alto dos seus quarenta anos.

Crítica:

Sideways era o filme de 2004 que recolhia as minhas expectativas. Quando vemos uma produção independente entrar no leque de nomeados para melhor filme sabemos que tem de haver lá algo de extraordinário, de inovador, de brilhante! Foi com o coração saltitante que entrei na sala escura, sozinho, quase nervoso.
Descascando esta produção da máscara superficial da exploração vinícola que lhe concede um toquezinho de originalidade e inovação (mas que tem pouco conteúdo), ficamos com uma comédia romântica de qualidade mas essencialmente banal. O guião está muito bem feito, não haja dúvidas! A questão é que conta a mesma história básica que já ouvimos inúmeras vezes, e para a qual não há muita paciência...
É um filme que vale a pena ver, mais não seja pela representação brilhante de Paul Giamatti (assistido por um Thomas Haden Church muito competente, nomeado até para melhor actor secundário). A questão é que não deixa de ser banal, apesar de toda a qualidade da sua produção! Deixa inclusivamente a sensação de que se não tivesse Paul Giamatti no principal papel seria uma comédia de sábado à tarde, inconsequente.

Linhas Gerais:

Uma comédia banal disfarçada com ligeiros toques de originalidade. Um filme divertido, em vez de um filme óptimo.
Paul Giamatti é arrebatador.

Filme para:

Quem ainda não está farto de comédias românticas (eu estou quase a ficar). E para quem gosta muito de vinho e quer ver o monólogo marcante de Virgínia Madsen a justificar o seu amor vinícola.

quinta-feira, março 03, 2005

Million Dollar Baby (2004) Avaliação global: 9/10



Sinopse:

Uma rapariga sulista viaja na esperança de se tornar pugilista, movida pelo amor imenso que tem ao único desporto que a faz sentir bem. No entanto, para conseguir melhorar as suas capacidades precisa da ajuda de Frankie Dunn (Clint Eastwood) e de preparação psicológica para tolerar enormes quantidades de sofrimento...

Crítica:

Mystic River é inigualável, um filme verdadeiramente espantoso que teve o azar de apanhar o último ano do Lord of the Rings e apenas por isso não ganhou o Óscar supremo. Mas Clint Eastwood conseguiu construir, em pouco menos de cinquenta dias de filmagens, uma obra quase tão profunda, quase tão bem representada e quase tão interessante como a sua verdadeira obra-prima, aproveitando a volatilidade cinematográfica de 2004 para pôr as mãos na estatueta dourada. Devia ter sido ao contrário...
Quando saí da sala de cinema fiquei com a impressão irritante de que toda força do filme que tinha acabado de ver tinha um cheirinho discreto a falsidade. Pensando um bocadinho cheguei à conclusão de que não gosto do argumento... Somos confrontados com uma história inicial à Rocky, versão feminina, que não podia deixar de ser manhosa, tornando-nos depois testemunhas de uma reviravolta súbita para um drama pesadíssimo abordado de forma irrealista e simplória. Então onde é que está o poder da história?
O poder está na magia espiritual das mão do realizador, que consegue criar um ambiente tão negro (todo o filme está imerso numa discreta moldura de escuridão) e envolvente que nos absorve facilmente para o estado psicológico desejado. Depois, estando o público à sua mercê, brinca connosco por meio de planos fantásticos e direcção perfeita até nos deixar onde quer: maravilhados. Na minha opinião todo o mérito do filme está na sua realização; faço uma vénia ao ancião da película...
Apenas uma pequeníssima crítica à representação: quem deu a estatueta a Hilary Swank e a Morgan Freeman não deve ter visto o Vera Drake e o Closer.

Linhas Gerais:

O melhor filme de 2004, sem margem para dúvidas... Uma obra criada exclusivamente pelas mãos fantásticas do eterno Clint Eastwood.

Filme para:

Toda a gente.

quarta-feira, fevereiro 23, 2005

Notre Musique (2004) Avaliação global: 4/10


Sinopse:

A história bélica humana em três capítulos: o Inferno, o Purgatório e o Paraíso. No primeiro somos confrontados com imagens reais de diversas situações de violência militar, com especial ênfase no holocausto. O Purgatório passa-se em Sarajevo actual, numa sequência ininterrupta de dissertações intelectuais acerca da guerra, do ódio racista e da destruição humana. Finalmente, no Paraíso somos brindados com imagens suaves de uma felicidade instável e muito restritiva do post mortem.

Crítica:

Jean-Luc Godard entra a matar num filme inicialmente agressivo e chocante que nos ofende. Este excessivo prolongamento das imagens de guerra inicias é tão notório que dá a ideia de que o realizador brincou com o poder visual do cinema como uma criança brinca com uma arma de fogo; e neste caso explodiu-lhe nas mãos.
A parte do purgatório é rica em frases filosóficas de significado desfocado até à sua análise demorada. O ritmo acelerado em que somos brindados com as ditas não nos permite dissecar totalmente o seu sentido, ficando no ar um clima frio de compreensão limitada. E eu detesto sentir-me estúpido. São pensamentos para serem lidos com tempo, não despejados em contra-relógio no ecrã de cinema.
Foi o próprio realizador que disse "There is no point in having sharp images when you've fuzzy ideas.". Pois parece-me ter sido precisamente esse o seu erro...

Linhas Gerais:

Mais um filme alternativo, intelectual e um pouco presunçoso. Tem ideias muito interessantes acerca dos móbeis humanos, da nossa essência, e aborda interessantemente o conflito palestiniano.
Não deixa de ser aborrecido e confuso.

Filme para:

Pseudo-intelectuais de esquerda.

segunda-feira, fevereiro 21, 2005

Les Temps qui Changent (2004) Avaliação global: 5/10



Sinopse:

Um construtor civil francês viaja para Marrocos na esperança de reconquistar aquele que considera o amor da sua vida, Céline. O grande problema está no actual casamento da mesma, aparentemente estável e com um ambiente calmo de confiança mútua.

Crítica:

O cinema francês tem um estilo tão sublime que só resulta quando é desenvolvido ao melhor nível. É um estilo exigente e perigoso em que os argumentos óptimos se tornam filmes divinais, mas os argumentos médios se tornam inconsistentes e inaceitáveis. Neste caso fui arrebatado pela desilusão...
Este filme envolve uma história cor-de-rosa banalíssima de amores profundos que só serve para reavivar a nostalgia dos grandes clássicos, falhando no objectivo primário de comover. Já ninguém suporta romancezinhos de algibeira.
Provavelmente para disfarçar a escassa força do argumento central, a história foi enfeitada com pequenos dramas relacionais demasiado batidos para serem credíveis ou interessantes, como a bissexualidade do filho de Céline. O filme acabou por se degenerar numa malha forçada de clichés por demais irritantes.
Como golpe de misericórdia nas minhas expectativas, a qualidade da representação da GILF Catherine Deneuve deixou muito a desejar... Os seus olhos não são o mesmo poço de sentimentos de outrora. Quanto a Dépardieu não tenho nada a dizer: é um dos meus "intocáveis".

Linhas Gerais:

Trata-se de um romance fácil, um filme demasiado ligeiro para ter interesse. Em certos pontos torna-se tão previsível que chega a ser irritante.

Filme para:

Quem vive no passado. E mesmo assim vão ficar desiludidos...

quarta-feira, fevereiro 16, 2005

Blade Trinity (2004) Avaliação global: 5/10


Sinopse:

Os vampiros acordam o patriarca, o verdadeiro Conde Drácula, e tentam novamente pôr em marcha os seus planos de domínio da raça humana. Esta ameaça poderosa junta-se à eterna caçada do Daywalker...

Crítica:

Respondo já: claro que é uma banhada. Não tem qualquer exploração psicológica das personagens, o argumento é simples e de compreensão imediata e o interesse do filme reside exclusivamente na violência gratuita e nos efeitos especiais. Quererá isso dizer que se trata de um filme mau? A meu entender não.
Dentro do género, esta produção prima pela escuridão do ambiente e pelo estilo inconfundível da cabeça tatuada de Wesley Snipes. As sequências de acção estão fluidas e emocionantes, o realismo das lutas foi consideravelmente melhorado pela presença do Triple H (estrela de wrestling) e a banda sonora é rude e poderosa. Revelou-se um filme relaxante e agradável.
De realçar também o cuidado relativo às gaffes, tão comuns neste tipo de filme. Só reparei numa situação caricata, mais para o fim do filme, que foi a repetição do mesmo murro por parte da atraente Jessica Biel. Pena.

Linhas Gerais:

Um filme simples, despretensioso, rápido e excitante. Muito bom dentro do género, seguindo a tradição invejável do herói vampiro.

Filme para:

Todos os que têm um fraquinho por filmes de acção.
Ou para quem, como eu, quer passar umas horitas distraído a ver um filme fácil e discreto...

Kinsey (2004) Avaliação global: 6/10


Sinopse:

A vida do Dr. Alfred Kinsey, um biólogo temerário que dissecou a vida sexual dos norte-americanos num relatório muito controverso para os castos anos 40. Um olhar objectivo sobre a moral, sobre as suas origens e os seus fundamentos, que veio abrir caminho para uma maior abertura de espírito na sociedade da época.

Crítica:

Bill Condon regressa ao grande ecrã com uma história complexa e pesada, aligeirada por toques um pouco forçados de comédia que apesar de nos animarem destoam na textura geral da narração.
Não é um filme pequeno (um pouco mais de duas horas), mas Condon não conseguiu aproveitar os minutos para mergulhar um pouco mais nas ricas personagens secundárias, que poderiam dar muito mais ao filme do que esta insistência exagerada no papel central, desempenhado por Liam Neeson. Ficou um filme muito focado, de limites demasiado apertados para conter uma potencial explosão de riqueza psicológica que certamente o levaria para outro nível. Fica uma história com pano para mangas, que nos faz pensar...
A interpretação de Liam Neeson está a um nível bastante aceitável, não se tratando apesar de tudo de um papel suficientemente complexo para o mostrar na totalidade. Laura Linney, por outro lado, porta-se lindamente e instaura algumas dúvidas quando ao resultado dos Óscares de 2004, roubando algum do favoritismo que Natalie Portman tinha alcançado na corrida para a estatueta de melhor actriz secundária.

Linhas Gerais:

Um filme agradável, com realização competente e representações muito acima da média. Está demasiado centrado na personagem principal para permitir uma visão global dos acontecimentos, e perde um pouco com isso.

Filme para:

Toda a gente com um mínimo de inteligência e abertura de espírito.
Tenham o cuidado de não levar a mensagem demasiado a sério: tal traria danos sentimentais irreparáveis.